Dr. Joaquim Pedro Corrêa de Freitas, nasceu na cidade de Cametá, em nosso Estado, no dia 17 de agosto de 1829, filho do abastado comerciante José Joaquim de Freitas e a senhora dona Thereza de Souza Corrêa.
Cedo, porém, perdeu seu pai.Como auxílio moral à orfandade precoce, seu tio e tutor, Tenente Coronel João Augusto Corrêa também figura notável da história paraense, mandou buscar o menino Joaquim Pedro de Cametá para Belém, para que ele recebesse educação adequada. Nesta época de sua vida, suas parentas, irmãs do notável estadista Visconde de Souza Franco, deram ao menino que revelava raros dotes de inteligência e caráter, os primeiros ensinamentos.
Mais adiante, como inúmeros jovens de sua geração, no ano de 1840, com onze anos, portanto, matriculou-se no Seminário Arquidiocesano de Belém onde recebeu sólida formação moral, e rica educação humanista.
Concluídos os estudos médicos, que à época se chamava de preparatório, demonstrou inclinação para a magistratura, ou seja, mostrou desejo de ser Juiz, pôs-se à serviço da justiça e colaborar com a sociedade.
Seus tios, entretanto, o bacharel Ângelo Custódio Corrêa e o notável Marques de Santa Cruz, influíram-lhe o ânimo e despertaram nele o interesse pela medicina, o que sensibilizou o jovem que era vocacionado para servir o próximo e as grandes causas.
Assim foi que, após os ditos preparatório, Joaquim Pedro seguiu para Salvador, na Bahia, onde funcionava o mais importante curso médico do Brasil de então, sob a protação do Arcebispo de Salvador,seu amigo, cursou medicina, hospedado no arcebispado durante os seis longos anos de estudos.
Recebido o grau de doutor em medicina, o já Dr. freitas, seguiu para a Europa com o objetivo de aperfeiçoar sua medicina e sua cultura nos mais avançados centros do mundo. Neste período, visitou e conheceu Inglaterra, França, Bélgica, Holanda, Áustria, Alemanha, Suíça, Itália, grécia, Espanha e Portugal.
Do velho mundo, trouxe convicções democráticas, republicanas e abolicionista. Veio convencido a servi os menos favorecidos da fortuna e combater a mancha da escravidão negra.
Consolidou, também, seu interesse pela educação, sobre o que fez importante estudos e produziu inúmeros trabalhos divulgados em diversos países.
Chegou a Belém em fins de 1855, e logo foi eleito deputado a Assembléia Legislativa da província, ingressando na vida pública e parlamentar, destacando-se por seus discursos em favor das classes pobres.
Em 1856, achando-se vagas as cadeiras de Francês e geografia do Liceu, prestou concurso, e passou a reger em caráter efetivo a cadeira de Francês. Anos depois, em 1862 foi escolhido para ser lente de mesma matéria no Colégio Paraense.
Não servia medicina com grande intensidade. Envolvido pela vida pública e do magistério. Mas, mesmo assim não abandonou completamente,atendendo a algumas pessoas em Belém, e, quando visitava sua terra querida de Cametá, não media esfoços, e com dedicação atendia aos pobres cametaenses.
Em 1874, o governo de então, pediu sua ajuda e sua cultura para o importante cargo de diretor da Instituição Pública, que exerceu com brilho e dedicação até 1888, quando se aposentou.
Usando sua vasta cultura e da sua experiência, Dr. Freitas escreveu um compêndio de Geografia e História do Brasil para uso da mocidade. Três Livros de leituras e um Paleógrafo.
Marcaram sua vida fecunda diversas atividades relevantes. Foi provedor da Santa Casa de Misericórdia, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, das Sociedades Geográficas de Paris, Lisboa, Rio de Janeiro, das Ciências Médicas de Portugal, foi cavaleiro e oficial da Ordem da Rosa e Tenente Coronel da Guarda Nacional.
Abolicionista convicto, foi propagandista da abolição. Publicista, editou e redigiu vários jornais.
Foi Deputado oito vezes à Assembléia da Província, chegando a ser seu vice-presidente.
Foi entusiasta da organização da Biblioteca Pública e do Museu Paraense, chegando a dirigir este último.
Homem de posses por herança paterna, sempre destinou vultosas somas de sua fortuna pessoal para auxiliar estudantes pobres, sendo neste particular um benemérito.
Ao fim do império, seus admiradores postularam um título nobiliárquico como reconhecimento aos seus méritos, mas a modéstia de sua personalidade, e sobretudo suas sólidas convicções republicanaas impediram que aceitasse, e, ao contrário envidasse todos os esforços para não receber o galardão.
Faleceu em 12 de abril de 1888, no seio de sua família, cercado de carinho.
A imprensa de nossa terra não poupou ecômios, justos, nos mecrológios cognominando-o de "O Operário da Educação".
Este grande homem deixou viúva D. Anna Cardoso de Andrade Freitas, Com quem se casou em 1869.
A biografia do Dr. Freitas é um exemplo a ser seguido, não só pelos jovens, mas pelos educadores, pelos homens públicos em geral. Sua dedicação e seu amor à causa pública forma ímpares.